Reduzir consumo de carne vermelha é mais efetivo contra gases-estufa do que deixar de andar de carro, dizem especialistas

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Consumidores conscientes são aqueles que se preocupam se seus alimentos tiveram uma produção limpa, causando o mínimo de impacto ao meio ambiente – é o caso de muitos dos nossos leitores. Você já colocou a mão na consciência e pensou a respeito do hambúrguer ou do bife que você come todo dia no almoço? Além da carne vermelha não fazer muito bem à saúde, há problemas ambientais importantes envolvidos; mas antes, vamos entender o ciclo de vida do produto.

Ciclo de vida

A metodologia que define o perfil ambiental de um produto ou processo é a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), que compreende quais danos ou benefícios os produtos trazem ao meio ambiente, desde a fabricação até o descarte.

Por meio dessa avaliação, é possível calcular a pegada de carbono – quantidade total de emissões de gases do efeito estufa em diversas áreas – dos alimentos, que é expressa em gramas ou toneladas de CO2eq (dióxido de carbono equivalente) por unidade funcional.

O impacto da carne bovina ao meio ambiente é muito maior do que o das carnes de frango e de porco, utilizando 28 vezes mais terra e 11 vezes mais água do que estas variedades. “Comer menos carne vermelha reduziria mais a pegada de carbono do que desistir de se locomover de carro”, diz o especialista Gidon Eshel, que liderou uma importante pesquisa da Universidade de Yale sobre o tema.

As grandes quantidades de grãos e água necessárias para a criação de gado são problemáticas, ainda mais com as preocupações de alimentar um extra de dois bilhões de pessoas que devem fazer parte da população mundial até 2050.

Controvérsias

Diminuir o consumo de carne, como sugere Eshel, a fim de ajudar o meio ambiente ou preservar os estoques de grãos tem sido um argumento altamente controverso.

A questão é: quão grave é o impacto da carne se comparada a outros produtos?

“O corte de subsídios para a produção de carne seria a forma menos controversa para reduzir o seu consumo”, diz Eshel.

A equipe da pesquisa analisou a quantidade de terra, água e fertilizantes nitrogenados necessária para expandir a produção de carne e comparou com a de aves, porcos, ovos e laticínios. Concluiu-se que a carne teve um impacto muito maior do que todos os outros, pois como ruminantes, os bovinos não fazem uso eficiente de seu alimento, desperdiçando energia. Entre 2% a 12% da energia bruta consumida pelo animal é desperdiçada na produção e eliminação do gás metano.

“Apenas uma fração dos alimentos consumidos pelo gado passa à corrente sanguínea, de forma que parte da energia é perdida”, disse Eshel.

A alimentação do gado com grãos em vez da grama agrava essa ineficiência, apesar de Eshel apontar que mesmo o gado alimentado com grama ainda apresenta maior pegada ambiental que outros produtos de origem animal.

Tim Benton, professor da Universidade de Leeds, no Reino Unido, adverte que este trabalho é baseado em dados nacionais dos EUA, captando um panorama muito mais completo do que estudos feitos em fazendas específicas. Ele acrescenta que a pecuária é a chave para a sustentabilidade da produção de alimentos global, pois “a maior medida que as pessoas poderiam fazer para reduzir as pegadas de carbono não seria abandonar seus carros, mas passar a comer significativamente menos carne”.

Segundo Mark Sutton, professor da Centro para a Ecologia e Hidrologia do Reino Unido, ”os governos devem considerar este estudo cuidadosamente caso queiram melhorar a eficiência global da produção e reduzir os impactos ambientais. Para os consumidores, a mensagem é: evitar o consumo de carne vermelha em excesso é bom para o meio ambiente.”

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